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THE WEATHERMAN
CRUISIN' ALASKA
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» RELEASE DATE > FEB 13 '06
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» DigiPak CD/Digital ©2006 mono¨cromatica
» press kit: PT/ENG
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barcode: 5609534120045
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[ENG] OFFICIAL PRESS RELEASE
“I say that The Beatles are mutants. Prototypes of evolutionary agents sent by God, carriers of a mysterious power to create a new human race, a race of free men who laugh constantly.”
- Timothy Leary, somewhere in the crazy 60’s
50 years later, the world is still grey shaded. Wars have different names and the libertary and naive dreams of a decade have been diluted on the obsolete and responsible appearances of the adulthood. Alexandre Monteiro is 26 years old “acoording to the ID card” , as he says, but only 19 “in the mind”. He lives in a world in which The Beatles and The Beach Boys melodies are still an inexhaustible source of inspiration – a colourful world, painted from distant Vila Nova de Gaia, where he lives.
At six years of age, Alexandre is admitted into a local music school’s singing choir, and the taste for melodies became a part of his life. Some years later, he would discover The Beatles, John Lennon, The Beach Boys and Abba in his father’s record collection and started writing songs.
“Cruisin’ Alaska” is the absolute debut of Alexandre Monteiro (The Weatherman) and reflects his obsession for the timeless power of a good melody. The album looks behind for inspiration, but doesn’t sound dated. All the instruments were recorded by the artist and many songs were taped at first take. Despite that, the record reveals an almost orchestral side, reminiscent of The Beach Boys and other names from the sixties, reviewed under the light of contemporary indie-pop and other languages such as funk.
[PT] OFFICIAL PRESS RELEASE
“Declaro que os Beatles são mutantes. Protótipos de agentes evolucionários enviados por Deus, dotados de um poder misterioso para criar uma nova espécie humana, uma raça de homens livres que se riem constantemente”
- Timothy Leary, algures nos loucos anos 60
50 anos depois, o mundo continua cinzento. As guerras mudaram de nomes e os sonhos libertinos e ingénuos de uma década diluíram-se nas aparências sisudas e responsáveis do mundo dos adultos. Alexandre Monteiro tem 26 anos “segundo o BI”, como ele mesmo diz, mas apenas 19 “na cabeça”. Vive num mundo em que as melodias dos Beatles e dos Beach Boys era “Smile” continuam a ser fonte inesgotável de inspiração - um mundo colorido, pintado a partir da cinzenta Vila Nova de Gaia, onde vive.
Aos seis anos, Alexandre começa a cantar num coro de uma escola de música local e o gosto pelas melodias nunca mais o largou. Alguns anos mais tarde, descobriria os Beatles, John Lennon, os Beach Boys e os Abba na colecção de discos do pai e começou a compôr canções.
“Cruisin’ Alaska” é a estreia absoluta de Alexandre Monteiro (The Weatherman) e reflecte a sua obsessão pelo poder intemporal das boas melodias. O álbum olha para trás para sorver inspiração, mas não soa datado. Todos os instrumentos foram gravados pelo músico e muitas canções foram gravadas ao primeiro take. Apesar disso, o disco revela um lado quase orquestral reminiscente dos Beach Boys e de outros nomes dos anos 60, revistos à luz do indie pop contemporâneo e de outras coordenadas como o funk.
Ao primeiro disco, Alexandre Monteiro lapidou uma pequena pérola da pop portuguesa.
REVIEWS [PT]
«Um dos mais notáveis caminhos que a música de Portugal tem levado em conta durante os últimos anos (com uma marca especial de início em 2004), é a instituição de motivos de calma, diversão e dança na mesma, aos quais se alia o termo inglês groove. Principalmente através da música electrónica, já que foi assim que surgiu em massa; a acústica não escapou. Se juntarmos todo este conceito com a força das influências, para além de Loto ou The Room 74 (electrónica), temos The Poppers ou The Weatherman, que afirmam todos esses aspectos na sua música e algo de Beatles (em representação do movimento musical dos anos 60) à mistura. E se agruparmos todos estes nomes de uma só vez e lhe adicionarmos ainda mais outros (Hands On Approach!?), entendemos finalmente de onde surgiu esse tal ideal groovy na música moderna portuguesa.
A surpresa, neste caso, neste ano, esteve e está a cargo de mais um génio (para quem pensava que não havia mais ninguém) português, o tal Homem da Temperatura (Meteorologista) a.ka. Alexandre Monteiro.
Um disco inteiramente a solo, cuja grande variedade de instrumentos - as suas cordas vocais, guitarras acústicas e eléctricas e guitarra-baixo, teclados, bateria, etc... - é tocada por apenas um intérprete. Ainda assim, convidados são sempre benvindos, tendo assim uma faixa de acompanhamentos: uma voz feminina, Catarina Salinas e Noel Nimaga com o cargo de percussionista. Sem contar com as programações ao longo de quase todo este "Cruisin' Alaska", por Pedro Chamorra. Ao vivo, Weatherman conta com uma guitarra, uma voz e uma banda, constituída por André Tentúgal (voz e guitarra), Rui Valentim (baixo e guitarra), Tiago Fontes (bateria) e João Salcedo (teclados).
Alexandre Monteiro, igualmente letrista e intérprete noutros projectos, caracteriza-se como alguém - um criador - de vista larga e impressionante imaginação, segundo rezam artigos vários, revistas, jornais (entre outros meios de imprensa e divulgação de opiniões), nomeando-o a revelação do pop deste ano de dois mil e seis, título que terá inicialmente sido atribuído a discos como "Vol.1" dos Cindy Kat, não imaginando portanto o quanto extraordinariamente musical e original se viria a revelar uma obra como esta. Eu concordo com esse título de valor. "Cruisin' Alaska", que apesar de curto é bastante perfeito, assemelha-se a um desenho alegre de uma criança. O Weatherman, que começou no mundo da música com seis anos e a compor com catorze, aproveitou a ideia de uma estadia que fez numa estância de esqui na Espanha, aliou algumas das suas experiências, boa disposição, letras suaves e sábias (nada de repetições exageradas de refrões de cor, existem, aliás, momentos mais experimentais e imprevisíveis aquando do seu desenrolar), e aproveitou uma possível maré alta de imaginação para chegar ao Alaska com este belíssimo trabalho. Também graficamente! Os desenhos que o ilustram, de Inês Amaro, são o cenário ideal.
Por andanças nesta música, adaptável para todas as idades e géneros, temos de percorrer uma escalada de treze faixas. Exemplos: "About Harmony", a excelente entrada no incrível mundo do Meteorologista (uma variação temperamental de sentimentos e emoções), é um tema alegre, vivo, bem disposto, tenta levar o ouvinte a cantar com ele, se bem que a letra tão simples não é (muito complexa também não); mais tarde, "People Get Lazy", um jardim de harmonias mais instrumentais no início (para marcar diferença frente aos outros) e complementado de outra(s) voz(es) - ou ecos -; "Intermission (Lead Me Out)", um pequeno interlúdio que nos desloca do espaço temporal marcado pelas décadas de 60 e de 2000 para uma pequena sessão de 70's; ou "Cosmic Life", digno de um videoclipe; "In Front Of Me", o mais mexido e "Sierra Del Sol", as tais recordações que guardou/gravou da neve de Espanha.
O sucesso confirma a minha opinião. Nem todos conhecem a editora mono"cromatica e, no entanto, "Cruisin' Alaska" tem vindo a revelar-se um sucesso, na escuta e na escrita. Um tanto na ordem de músicos como o Gomo, mas para melhor, e vindo de Vila Nova de Gaia. O ideal regulador de boas temperaturas (seja chuva, seja sol). Parabéns. (4,5/5)» - Miguel Cardoso
in http://caferoubado.blogspot.com
«(...) O "metereólogo" de serviço é Alexandre Monteiro, gaiense de 26 anos, que consegue neste cd, mais que criar a sua obra-prima, dizer "Alto e pára o baile, que eu estou aqui!". Cruisin' Alaska é um grande cd, com grandes músicas ("If you only have one wish", "I sustain", "Keep up the good vibes" ou "One of us is the Observer"), um single bem radiofónico ("People get lazy") e, muito certamente, um dos melhores, senão mesmo o melhor, álbum Pop português de 2006. Mas fica, acima disto, a certeza de termos uma promessa. (8/10)»
in http://criticaartistica.blogspot.com
«É como entrar pela madeira: possível e encantador ao sonho e à vontade. Vestir o castanho, metamorfosear de caminho à cortiça, ao longo dos anos. Entrar e vislumbrar grandes exércitos de formigas e térmitas e as aranhas e os gafanhotos, unidos em assembleia, formando o coro mais alegre e belo de toda a floresta. E enfiar os olhos de contente por ali adentro. Ser um.
As divagações ecléticas das vozes e dos instrumentos multiplicados pelas formas e pelas cores, pelos sopros e pelas cordas, pelos metais estridentes e as teclas com cordas presas. O ar muito respirável e a sobeja certeza do momento para sempre – mesmo além da fotografia, da pedra, da lápide. O acto criativo nasce de dentro, mais de dentro que os filhos-muito-filhos-muito-de-dentro. De repente, somos uma flor: tulipa.
Cruisin’ Alaska é obra ficcional. Como um livro. E, como tal, leva-nos o realismo ao sonho bem acordado dos dentes que se mostram avidamente. A quem ouve. E quem ouve parte com ele para as infinitas paisagens – e belas, e reconfortantes – dos sons, das melodias e das harmonias. Como num barco. Ou como os tecidos atados aos pés, que já viram tantas coisas…
About Harmony arranca-nos ao conforto estupidificante da cadeira, do sofá, e embala uma viagem memorável. Com um laço. De cores que vão mudando ao vento na vela. É perceptível a pop que nos será companheira na ida e na volta, mas é facilmente dedutível que o simplismo na abordagem a esta casca superficial não é benéfico, e que há fruto delicioso por dentro. Se ao trabalho de o arrancarmos ao muro preconceituoso nos dermos – é que isto não é só para os meninos e meninas da pop e do indie: está além da categorização, é da ordem da beleza das coisas pequen(in)as.
Looking for Guarantees é a primeira grande pérola do disco. É saboroso, e não apetece dizer muito mais. É precioso. E devolve-me ao mundo das mãos The Dissociatives e o Estranho Mundo de Jack pelas músicas de Danny Elfman. If You Only Have One Wish é o que segue e é o que não deixa cair o coração: «If you only have one wish, [better] make it big» – dizia Timothy Leary, reavivado aqui. E às mãos Pink Floyd. I Sustain é também digno de referência e veemência de sentimentos. Se a princípio parece não desenvolver e arrumar-se à vulgaridade, o suspiro traz-lhe uma vivacidade própria e entusiasmante.
O primeiro single é People Get Lazy. Que põe cobro à primeira grande vaga de excelentes canções do álbum, na sua sonoridade de grandes potencialidade radiofónicas, partilhadas à voz feminina. The Meaning of Soul clarifica os sentimentos para um pequeno momento reflexivo. A pureza e a suavidade, a leveza e a beleza, são as incursões imediatas, em assaltos a fronteiras mais ríspidas, ainda, a estas horas, desapaixonadas. Intermission (Lead Me Out) serve no seu ofício de ponte – mais nada.
A segunda metade não deixa mal a primeira. Primando pela simplicidade, Keep Up The Good Vibes prossegue caminho, One of Us is The Observer atenta num momento de tensão e de dúvida, apaziguado à voz das melodias, e Down To The Bits avisa os incautos da transcendência do passado. Pela música. Cosmic Life e In Front of Me dissipam as dúvidas – se as houvesse – das influências das terras de Sua Majestade, e Sierra del Sol termina em discurso tribal de espera. Com sinos.
Alexandre Monteiro, conhecido agora por The Weatherman, tem 26 anos e deu os primeiros passos na música aos 6, num coro. É compositor e letrista desde os 14. Banda aqui e ali, é na incursão a solo que o meio melómano lhe esperava maravilhas. E não desilude. Aliás, de forma alguma.
Cruisin’ Alaska é disco de estreia, todo saído das mãos dos muitos instrumentos de Alexandre Monteiro. Todo feito em casa. Produzido por Pedro Chamorra. A dizer que a falta de grandes meios não pode ser desculpa para a mediocridade. O selo é da mono¨cromática.
[Dizem que lhe são pais Beatles e Beach Boys; mas esses são tão intrínsecos que deixaram de ser considerados influência para passar ao estatuto de cultura geral, aproveitada por todos.]
Agora é, muito naturalmente, vê-lo crescer. Com prazer.»
in http://www.rascunho.net
«Alexandre Monteiro não podia ter sido mais influenciado pela pop dos anos 60 do que foi. Pelo menos a julgar pelo seu álbum de estreia, Cruisin’ Alaska. The Weatherman, o alter-ego musical deste músico multifacetado que se encarregou de tocar quase todos os instrumentos neste álbum, tem aqui um trabalho com cheiro a Beatles e a Beach Boys (as vozes, as vozes!) que se lança por aventuras interessantes, conseguindo alguns momentos muito bons, arranjos marcados pelo bom gosto e uma doçura digna de uns Modest Mouse ou assim.
Resumidamente, podia ser só isto. Mas Cruisin’ Alaska – vá-se lá saber porque é que o álbum se chama assim; segundo consta, este homem do tempo nunca por lá andou – é mais do que uma simples reprodução de influências óbvias, até porque é audaz e interessante – coisa rara em Portugal.
Este disco é a prova de que não é necessário andar para aí a partir cordas com um desígnio artístico sobre-humano para se ser bom. Cruisin’ Alaska tem tudo para vencer uma eventual contra os monstros da indústria discográfica. E tem, definitivamente, tudo para vencer os fantasmas da pequenez do rectângulo. É um álbum forte e perfeitamente audível pelo comum ouvinte da RFM. Aliás, numa entrevista recente, ficou claro que a intenção da Mono¨cromatica é mesmo tentar editar material mais mainstream de qualidade. Até agora, nada a dizer.
O primeiro single, “People Get Lazy” é um bom exemplo da bebedeira musical que parece estar na génese de Cruisin’ Alaska. Vozes e mais vozes em falsete e uma fusão de pequena electrónica com uma crueza acústica de uma beleza inestimável: o resultado é uma canção pop cheia de saúde.
Já “Keep Up The Good Vibes” vicia qualquer um ao primeiro contacto. Entra muito bem e surpreende – mas não por isso. Acaba por ser temperamental e rica.
Poderia ficar aqui durante dias a tentar descrever canções como “One of us is the Observer” e “In Front of Me”, seguramente dois dos melhores apontamentos de Cruisin’ Alaska. Mas momentos grandes não faltam neste álbum. Faltam é momentos de cortar a respiração – não vai ser “Sierra del Sol” a preencher esse espaço, certamente – e falta a genialidade. Há bons temas, há alguns muito bons mesmo. Mas The Weatherman dá a impressão que o melhor ainda está para vir. Esperemos que sim.» - Filipe Marques
in http://www.hiddentrack.net
«(...) O que é que os rapazes da mono¨cromática, então, viram em Alexandre Monteiro? Para já, há uma fixação pelos Beatles que não se traduz da mesma forma que a fixação pelos Beatles dos Oasis ou, mais recentemente, de Devendra Banhart, se traduzem. Seja pelo nome da décima faixa, “Down to the Bits”, tirado de “Happiness is a Warm Gun” dos Fab Four, ou pelo cravo (“japonês”, eufemismo para “o artista não tem dinheiro suficiente para usar um verdadeiro, pelo que é apenas emulado”) e a cítara indiana (também japonesa) em “Looking for Guarantees”, por certas melodias (óptimas) que aparecem aqui e ali ou pelo cuidado dado à escrita de canções suaves, gentis, doces, os Beatles estão cá. Tal como os Beach Boys, nas harmonias de voz. Mas Monteiro não está a copiar ninguém, está a pegar nos elementos que lhe foram dados pela História e a usá-los como quer. Não há mal nenhum nisso. Assim, temos um disco de pop solarenga fresca, mas sempre com desbundas cósmicas (electrónicas) aqui e ali (brincadeiras em quase todas as faixas, ouça-se a introdução de “People Get Lazy” ou virtualmente qualquer faixa do disco), para além das batidas sempre electrónicas. E Monteiro não tem medo de acabar as canções em modo a cappella ou de recorrer ao “lalala” ou “shalalala”. Louvemo-lo por isso. (...)» - Rodrigo Nogueira
in http://www.bodyspace.net - 13 de Fevereiro de 2006
«Apesar da quase discreta entrada em cena (um pouco de luzes bem acesas e palavras bem lançadas não fazem mal a ninguém), eis que se aplaude o primeiro bom disco pop português em largos meses. Este é o projecto individual de Alexandre Monteiro, um espírito claramente influenciado pelas boas memórias de uns Beatles, uns Beach Boys (bem evidentes), uns Kinks, que neste seu álbum promove encontros bem emoldurados entre essa clássica pop de finais de 60, travos folk e traços de contemporaneidade que se pincelam nas artes finais, via discretas electrónicas (por vezes em sintonia com híbridos pop e dança de inícios de 90) ou através do modo como concilia os jogos de formas que convoca. É um álbum que nasceu solitário, num quarto, mas que não esconde um desejo em comunicar. Melancólico na matriz, mas luminoso no final. Pode não esmagar pela novidade. Pode lembrar mil e uma coisas que já escutámos. Mas não deixa de ser um conjunto de belas canções pop. E, para já, não se lhe pede mais…» - Nuno Galopim
in http://sound--vision.blogspot.com - 13 de Fevereiro de 2006
«O sítio oficial da etiqueta Mono''cromatica apresenta o gaiense Alexandre Monteiro como um personagem fechado, alguém que passou uma mocidade algo isolada do mundo exterior e que encontrou na música a fuga mental para a misantropia. Desses estímulos musicais redentores, ressaltam os Beatles ou os Beach Boys, como o próprio admitiu em entrevistas recentes. As alusões são óbvias e cruzam, de uma ponta à outra, o alinhamento de Cruisin' Alaska, o seu disco de estreia, um exercício pop retrospectivo que se deixa guiar por coordenadas nostálgicas da década de 60 e que, sem as privar do imediatismo e simplicidade, as transpõe para o universo zeloso da pop contemporânea. Cruisin' Alaska é, de certa forma, um disco inocente e de validade caseira, primorosamente desviado das certezas; Alexandre Monteiro prefere as contingências côr-de-rosa dos sonhos, e passa-as a melodias copiadas a papel químico. Porque, lá fora no mundo real, nem tudo tem as cores da ficção. A música de Weatherman é, portanto, uma pop retro luminosa, de colorações vivas que não se rebaixam por, aqui e ali, se disfarçarem de preto e branco. Nesse tabuleiro de emoções do álbum, ainda que tenham lugar partículas de melancolia, o optimismo ganha por margem mínima e faz alarde de si em coros harmoniosos, vozes múltiplas e orquestrações de estio que só se desprendem do acanho ao fim de algumas audições. Mas, em tempo algum, arreda pé dos ambientes sonoros o vestígio de melancolia que, afinal, não deixa que o disco resvale para o tom de felicidade parvinha. À prova de tontices, portanto.
Alexandre Monteiro não é fingidor como os poetas nem precisa de rimar para versejar. Basta-lhe adorar Wilson e Lennon e cozinhar (bem) a sua música. Se para tal precisa de escapulir-se para o Alaska (ou para um sucedâneo mais próximo: a estância de esqui de Sierra del Sol...), dêem-lhe asas para imaginar. Depois, junte-se-lhe a perspicácia solitária de um eremita musical, a espontaneidade e o risco dos momentos pouco ponderados e o resultado é Cruisin' Alaska. Nem sempre os peritos da meteorologia acertam nas previsões mas, ao escutar o álbum de estreia deste homem do tempo gaiense, dá vontade de apostar que, para os tempos mais próximos, se esperam dias de sol com o céu ligeiramente nublado. Como a música de Weatherman.» – A.C.
in http://www.apartes.blogspot.com - 13 de Fevereiro de 2006
«BOLETIM METEOROLÓGICO
The Weatherman, ou Alexandre Monteiro, mostra-se ao mundo com a pop ‘retro’ de ‘Cruisin’ Alaska’.
Desde há algum tempo para cá, uma das palavras mais utilizadas nas conversas do dia-a-dia é a “crise”, e um dos sentimentos, a falta de confiança. Problemas políticos, económicos e sociais têm assolado diversas sociedades, um pouco por todo o mundo, e Portugal não é excepção. No entanto, há um rapaz em Vila Nova de Gaia que prefere desvalorizar todas essas questões e continuar a viver num mundo colorido, repleto de sonhos e melodias. Chama-se Alexandre Monteiro mas apresenta-se como The Weatherman. O nome foi retirado da organização revolucionária de finais de 60 Weather Underground. Não por acaso, o seu pensamento está situado algures nessa época, graças aos discos dos The Beatles, The Beach Boys ou Bob Dylan. Tem 26 anos, mas no fundo, sente-se com 19. É tímido, e gravou sozinho o álbum de estreia Cruisin’ Alaska. Apenas a produção foi entregue a Pedro Chamorra.
O ponto de partida é uma pop solarenga onde as nuvens só aparecem por vezes, e envergonhadas. A folk faz-se de luz e cor. É retro mas ao mesmo tempo soa actual. A estética é lo-fi, porque esse foi o meio mais adequado para transmitir o essencial de canções como People Get Lazy ou About Harmony. Um boletim meteorológico que se prevê animador para qualquer cidadão desanimado com a vida. “Gosto de pensar que a minha música é solarenga, mas não totalmente alegre. Também tenho momentos de tristeza como todas as outras pessoas. Sou insatisfeito por natureza, aliás se não o fosse não teria gravado o álbum todo sozinho, sem o auxílio de uma banda”, comenta Alexandre Monteiro.
Quanto à composição do álbum, toda ela feita em casa, sem qualquer companhia, “foi um risco que valeu a pena. Por vezes sentia-me isolado, mas por outro lado, era tudo mais rápido e eu sou muito espontâneo. Preciso de soltar logo as ideias. Às vezes, acordo e a primeira coisa que faço é pegar na guitarra”. Um episódio curioso é mesmo desvendado. “Uma vez falei com o Nuno Rafael (guitarrista dos Humanos) e ele disse-me que eu devia ser uma pessoa extremamente feliz, graças às ideias que tinha. Eu fiquei satisfeito mas não é bem assim”, diz entre risos. “Até já me disseram que o disco é triste mas, de facto, é complicado ser feliz sem ser parvo”.
Mas afinal o que aflige este músico com ideias tão arejadas e capaz de produzir um dos mais refrescantes discos da pop portuguesa dos últimos tempos? “Há muito cinzentismo entre a comunidade artística. Parece que os artistas são obrigados a ter problemas. Eu também os tenho mas não faço disso condição essencial para criar. Não faço da composição um sofrimento”.
Apesar de ser do Norte do país, onde o clima nem sempre é ameno, esse facto é desvalorizado até por se sentir mais ligado À Foz, do que propriamente ao centro do Porto. “A minha veia artística puxa mais para o sol do que para a chuva”, refere. Nascido em 1980, Alexandre prefere, no entanto, recuar alguns anos para buscar a sua inspiração. “Interessei-me muito pelos anos 60, graças à minha personalidade. Foi um período muito rico da pop. Ouvi muita música da época e Beatles, Beach Boys ou Bob Dylan são referências para mim. Mas também oiço música recente como o Devendra Banhart ou o Elliott Smith”. Seguem-se agora os concertos de apresentação do álbum, onde aí sim já apresentará uma banda. Ainda assim, a insatisfação artística subsiste. “Já sinto necessidade de coisas novas. Vou ter uma banda com músicos que já tocaram noutros grupos. Aliás, até eu já tinha tido bandas, só que achei que este era o momento em que devia dar uma oportunidade a mim próprio. Sempre compus desde os 14 anos mas desta vez propus-me a realizar algo completamente diferente”.
Cruisin’ Alaska é uma surpresa feita de optimismo, numa estreia que se pode revelar num dos álbums nacionais mais surpreendentes de 2006. Alexandre Monteiro, ou The Weatherman, merece ser recompensado pela aposta que tomou e pela boa disposição que poderá proporcionar. Porque como refere em jeito de conclusão, “preferia suicidar-me num dia de sol”. (••••)» – Davide Pinheiro
in DN Nº 49990 – 6ª Nº 5 de 10 de Fevereiro de 2006 – SONS Página 22
«AMÁLGAMA DE METADE DA HISTORIOGRAFIA POP EM TREZE LIÇÕES.
PRODUTO INESPERADAMENTE NACIONAL.
Quem haveria de dizer que Alexandre Monteiro, 26 anos, assomaria do absoluto desconhecido para criar um dos melhores kits de sobrevivência para perigos pop que um ainda virgem 2006 irá saudar? A coincidência geográfica é pouco relevante: The Weatherman transporta consigo cacos de influências pop universalmente validadas, maravilhosamente mastigadas a partir dessa co-urbe chamada Gaia e só não magistralmente vertidas em disco porque o espírito é caseiro e Monteiro ainda não quer ser os Polyphonic Spree. Brian Wilson filtrado («Keep Up the Good Vibes») ou não («Looking for Guarantees») pela electrónica campestre dos Notwist, os Belle & Sebastian em casa dos Of Montreal («About Harmony») e Lennon/McCartney a tratar das arrumações. Temos alquimista. (8/10)» - Luís Guerra
in Blitz Nº1110 de 7 de Fevereiro de 2006 – Página 21
«HÁ ALGO DE ESPECIAL AQUI
Há algo de especial num disco cujo primeiro “single” é uma canção cheia de lata, que repete incessantemente “people get lazy lying around” num falsete sem vergonhas em cima de um ritmo a apelar à dança. No verso, uma voz de menina junta-se à de Alexandre Monteiro e enternecemo-nos com esta recriação das adolescências de gente com idade para ter juízo (há até um “sha la la la u” para deitar definitivamente abaixo as nossas resistências). “Cruisin’ Alaska” não é sempre tão celebratório como “People get lazy” – felizmente, dado que os doces devem ser sempre doseados sob risco de enjoo. É um notável conjunto de 13 canções, com duas referências evidentes: Beatles e Beach Boys. Os primeiros estão por todo o lado – na sitar em curvas insinuantes e no refrão sussurrado de “The meaning of soul” (“Pretty girls make me cry” é um bom resumo de muitas crises juvenis); no “riff” de guitarra no refrão de “If you only have one wish”. Das canções do grupo de Brian Wilson, Weatherman retira os coros harmoniosos e a pop orquestral – “About Harmony” é uma delícia cozinhada a órgãos e sintetizadores (com guitarra “wah wah” a cair bem na pintura”, com pressa de chegar ao próximo pedaço de encantamento; o título “Keep up the good vibes” é uma piscadela de olho a “Good vibrations” e o refrão em coro tem escrito “Beach Boys” por todo o lado.
Desengane-se, contudo, quem queira ver nestas referências sintomas de copismo. Se a pop dos anos 60, com tendências psicadélicas (mas aqui sempre bem comportadas) e semi-orquestrais, é assumidamente o esqueleto de “Cruisin’ Alaska”, a verdade é que o seu corpo é preenchido por elementos que quebram o estereótipo apetecível e preguiçoso. É a citação dos cantares à Monty Python no meio de “Looking for guarantees”; são os Happy Mondays e o funk branco aqui e ali; é o baixo a impor a dança na quase-canção “Intermission”, o “wah wah” omnipresente e os versos ditos de secamente em “In front of me”, a contrastar com a doçura do refrão; é a estranheza total do circo pop montado em “Sierra del Sol” (gravações de campo na estância de ski espanhola com o mesmo nome e electrónica seguida de percussão tribal não podiam dar numa canção comum). O disco só esmorece um pouco nas canções mais calmas (“The meaning of soul” é a excepção) – “Down to the bits” arrasta-se, com um piano lamechas a marcar o ritmo lento, e não partilha da eficácia do resto do disco.
É uma promissora estreia para Weatherman, marcada por uma matriz pop clássica, onde cabem múltiplas subtilezas dispostas em múltiplas camadas – a simplicidade das melodias não é incompatível com as minudências da composição e produção. Alexandre Monteiro, com 26 anos, sente que só agora está a começar. Fá-lo da melhor maneira. (8/10)» - Pedro Rios
in Público Y – 3 de Fevereiro de 2006 – Página 10
in Agenda LX / Janeiro 2006 (click to enlarge)
REVIEWS [ENG]
«The debut album Cruisin' Alaska by The Weatherman (aka Portuguese indie pop sensation Alexandre Monteiro) is an interesting album. I call it "interesting" because every time I listen it, I have an entirely different opinion of it. After listening to it about ten to fifteen times, I know one thing for sure: I've got to hand it to Monteiro for his willingness to experiment. The Weatherman sounds like what might happen if The Beach Boys and Syd Barrett joined hands and sang "Cum Bai Ya"; or if Elliott Smith listened to The Beatles every day of his life, played every instrument under the sun, added some fancy keyboarding and sound bytes, and went frolicking through a field of daisies instead of using heroin. (...)» - Allegra Willis [read the complete review here]
in Hybrid Magazine
«Until this CD from the Weatherman fell into my lap, I hadn't heard any Portugese music other than fado. Apparently, cut-and-paste indie-pop is also a featured export of that Iberian nation. The Weatherman is the recording project of singer, songwriter, and multi-instrumentalist Alexandre Monteiro, who is aided considerably throughout the course of Cruisin' Alaska by Pedro Chamorra, credited on most tracks with additional programming. From Revolver-era Beatles and early '70s Beach Boys to Blur and Menomena, the Weatherman threads together the whole history of skewed-yet-sunny pop music. While the guitars are too clean and pretty to get the "psych" tag, the dedication in the liner notes "to the inspirational soul of Timothy Leary" offers a clue as to what might have fueled Monteiro's many odd, mid-song departures into spaced-out vocal harmonies and electronic soundscapes. Sometimes these are successful and add just the right kick to a traditionally structured pop tune. On the other hand, these diversions are the over-indulgent ruin of a few otherwise very fun, straightforward indie-pop ditties full of clip-cloppy drums, perky guitar melodies, and catchy vocals (sung in English, thankfully). Despite these bumps in the road, the stronger songs on Cruisin' Alaska -- the gorgeous opener "About Harmony," the wistful and pretty "I Sustain", and the super-groovy "If You Only Have One Wish" -- make for a very worthwhile album of weirdness-tinged pop. The distribution for this CD is limited, but, for just under 10 euros, you can download the whole album from the French Virgin Megastore, at: www.virginmega.fr. How very European. Obrigado, and au revoir! (7/10)» - Michael Keefe
in Pop Matters
«Portuguese multi-instrumentalist Alexandre Monteiro is loaded with grand ideas. Cruisin’ Alaska is well played pop-rock filled with slightly proggy changes and ambitious arrangements. Touches of Badly Drawn Boy, Syd Barrett, and XTC surface in a few tunes but the record as a whole is a bit undercooked. Hook this kid up with a producer like Nigel Godrich, Mitch Froom, or Dave Fridmann and you might really have something. (7/10)» - Rick Morris
in Foxy Digitalis
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TRACKLIST
01 |
ABOUT HARMONY |
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02 |
LOOKING FOR GUARANTEES |
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03 |
IF YOU ONLY HAVE ONE WISH |
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04 |
I SUSTAIN |
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05 |
PEOPLE GET LAZY (promo single) |
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06 |
THE MEANING OF SOUL |
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07 |
INTERMISSION (LEAD ME OUT) |
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08 |
KEEP UP THE GOOD VIBES |
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09 |
ONE OF US IS THE OBSERVER |
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10 |
DOWN TO THE BEATS |
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11 |
COSMIC LIFE |
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12 |
IN FRONT OF ME |
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13 |
SIERRA DEL SOL |
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all music written and performed by ALEXANDRE MONTEIRO except where noted.
produced by PEDRO CHAMORRA and ALEXANDRE MONTEIRO
mixed by NUNO GELPI
mastered by JOÃO MAYA at TERAPIA DO SOM
cover paintings by INÊS AMARO
artwork concept & design by aeriola::behaviour
©2006 m¨c | mono¨cromatica |
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AUDIO/VIDEO
VIDEO
COSMIC LIFE [AVI, 8,23Mb]
Video study, 2005.
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